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A empresa G2A é especialista em revender chaves da Steam. Já se formando como uma gigante com o nome em todos os lugares do ano passado para cá, as polêmicas tomaram tamanho proporcional ao tamanho da empresa. Especialmente quando se trata da relação da G2A com os desenvolvedores independentes, que chegaram a falar que era melhor que o jogo fosse pirateado do que adquirido via G2A.

A razão para tamanha polêmica e o que chamamos de “pesadelo de Relações Públicas” que a empresa enfrenta trata-se da irresponsabilidade em relação à golpes e chaves falsas que podemos encontrar na loja da G2A. Uma pesquisa rápida no Google confirma que muitas pessoas compraram chaves de jogo da Steam nessa loja, só para que a chave fosse cancelada em seguida. Com isso, o consumidor acaba ilhado em uma situação onde a loja onde ele adquiriu o produto não se responsabiliza pelo que ele sofreu, e o vendedor que aplicou o golpe não pode ser mais encontrado em lugar algum.

Considerando a situação, qual a única opção que resta à esse consumidor frustrado?

Os desenvolvedores em si.

Ou seja, não só o desenvolvedor não está faturando por conta da possibilidade do consumidor conseguir produtos mais baratos na G2A, ele também tem que lidar com os que foram lesados por vendedores mal-intencionados, em um ambiente extremamente permissivo da loja que só se importa com a fatia das vendas que fica com ela, ou seja, lucro.

Muitos desenvolvedores tiveram que, por conta dos problemas causados pela G2A, perder muito dinheiro por conta de reembolsos causados pelas chaves de jogo fraudulentas. Charlie Cleveland, fundador da desenvolvedora Unknown Worlds, que lançou recentemente o jogo Subnautica, foi bastante vocal no Twitter recentemente, mostrando que ele sozinho perdeu US$30.000,00 por conta dessa política duvidosa da loja.

Hey @G2A_com – thank you for offering to pay 10x the revenue lost due to our @NS2 game keys sold on your shady platform. CC @RaveofRavendale

You now owe us $300,000. Thanks. https://t.co/J5qof6wBZD pic.twitter.com/Oq97ofLoLD— Charlie Cleveland (@Flayra) 12 de agosto de 2019

A ideia de revender chaves da Steam já é em si duvidosa, uma vez que seria impossível ter qualquer tipo de lucro se alguém comprasse o jogo para vendê-lo mais barato em outra loja. Também tem a questão da natureza de diversos vendedores que prometem ter mais de 100 chaves de um único jogo em época de lançamento, e vendendo em preços muito mais baixos do que na Steam.

Para quem não sabe, só há duas formas de adquirir chaves de jogo na Steam: através do desenvolvedor, ou comprando o jogo como presente e usando as ferramentas da Steam para enviar essa chave ao invés da cópia virtual do jogo (funciona bem para quem quer presentear alguém que ainda não tem conta na plataforma). Não há uma maneira de se adquirir essas chaves de uma forma que se possa revendê-la aos preços que encontramos na G2A. O lugar tornou-se um antro de vigaristas que se aproveitam de pessoas que não tem condição de comprar os jogos no preço inteiro. Pessoas que, naturalmente, são mais vulneráveis.

Com isso, podemos perceber que há dois elementos muito preocupantes (e que têm se tornado muito mais comuns agora com a indústria dos games crescendo sem nenhum tipo de regulação): ganância e malícia. Esses dois irmãos andam de mãos dadas e empesteiam qualquer indústria e mercado que tenha uma chance de dar dinheiro rápido e fácil para empresários que não se importam o mínimo com o que estão mexendo.

Recentemente, a G2A soltou um comunicado dizendo que criaria uma ferramenta de bloqueio de chaves fraudulentas “se” 100 empresas assinassem o comunicado até o dia 15 de agosto. Sua justificativa para tal lista era que o recurso custa muito dinheiro e eles precisam ter certeza de que a ferramenta se faz necessária. Também a G2A prometeu que caso haja provas de que os desenvolvedores foram lesados por vendedores de chaves fraudulentas, a empresa irá reembolsar todos em 10x o valor perdido.

Em resposta, Charlie Cleveland prontamente postou “Vocês nos devem $300.000,00” e acusou a G2A de expor empresas independentes que estão sofrendo pela irresponsabilidade da loja através da lista dos desenvolvedores que querem bloquear as chaves, colocando-as em risco de enfrentar retaliação de consumidores que provavelmente não entendem o que está acontecendo por trás das cenas do show de horrores que se tornou a prática gananciosa da G2A.

Mas não só de falsas promessas e irresponsabilidade vive a G2A, mas também de comentários passivo-agressivos e condescendentes. Muitos fãs e desenvolvedores, há algum tempo, imploram para a empresa parar de vender os jogos de desenvolvedores indies, porque eles que estão sofrendo mais com as fraudes e reembolsos, só para receberem a mesma resposta “se nós não vendermos os indies, outras pessoas irão. Até no Ebay há vendas de chaves falsas.” ou seja, é a mesma lógica de alguém que rouba uma carteira que achou no chão porque “se eu não pegar, outra pessoa vai pegar”. Porque quem se importa com honestidade se podemos justificar nossas ações com o erro dos outros, não?

Let’s say that petition goes and G2A decides to stop selling any indie game. “Nature abhors a vacuum”. Sellers would move to the next platforms (there is like 20 of them) and then to Ebay and other marketplaces.— G2A.COM (@G2A_com) 5 de julho de 2019

Em resumo, a G2A está lucrando e crescendo aos custos do infortúnio dos outros, basicamente roubando de desenvolvedores indies que trabalham pesado para ganharem destaque e se fazerem presentes em um mercado transbordando de empresas multimilionárias e jogos que vendem na casa dos milhões a cada ano. Ainda por cima, ela encoraja esse comportamento e faz pouco caso de todo o sofrimento e dificuldades que eles estão causando para pessoas que estão, essencialmente, tentando viver um sonho. Em um mundo em que as grandes empresas não se importam mais em produzir jogos bons, e apenas lucrar com produtos incompletos e cheios de microtransações, os indies são a nossa resistência e devem ser protegidos e valorizados.


Veja o vídeo:


Fontes:

PC Gamer

PC Gamer

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